Reportagem Greg Fox no Porto
A rentrée da Lovers & Lollypops após o Milhões de Festa deu-se com o concerto de Greg Fox, músico conhecido pelo trabalho desenvolvido em projectos como Liturgy, Guardian Alien ou Ex Eye. Nesta noite, mais uma no Understage, apresentou-se sozinho, mas nem por isso deixou de gerar uma panóplia de sons. È que Greg Fox faz do seu instrumento uma rica fonte de explorações melódicas, indo muito além da identidade rítmica normalmente associada ao conceito de baterista. Para além do elemento percussivo, há na sua arte - fruto de um elaborado sistema à base de sensores que captam as vibrações da bateria, transformando-a numa espécie de controlador MIDI - a possibilidade de criar diversos sons, como se estivesse uma banda em palco; mas não, é só mesmo ele, ainda que pareçam vários, como se de uma orquestra invisível se tratasse.
Essa ideia, aplicada em estúdio, deu origem ao excelente álbum “The Gradual Progression”, mas ao vivo não teve o mesmo efeito. Não resulta necessariamente mal, mas o equilíbrio sonoro que faz do disco um registo tão interessante não é aqui tão visível. Quer isso dizer que o concerto foi mau? Não, porque o homem é simplesmente demasiado talentoso para que isso aconteça, revelando um nível de técnica, destreza e velocidade que faz com que observa-lo nunca se torne aborrecido.Só por isso a noite já valeu a pena, ainda que “The Gradual Progression” seja mais encantador quando escutado no conforto do lar.
Foto: Renato Cruz Santos
- terça-feira, 02 janeiro 2018