Reportagem Emma Ruth Rundle no Porto
O Understage já conta com alguma tradição no que a concertos diz respeito, tendo nos últimos meses aberto as suas portas a alguns dos mais cativantes nomes do underground. Contudo, Se em alguns desses eventos a sala esteve longe de encher, aqui encontrava-se completamente lotada, provando que o interesse em torno do trabalho de Emma Ruth Rundle é bastante elevado, sobretudo depois do excelente álbum que foi “Marked For Death”, lançado em 2016.
Perante uma audiência que a recebeu de braços abertos, a artista de Los Angeles apresentou-se sozinha em palco, tendo a guitarra – ora acústica, ora eléctrica – como a sua única companhia, optando por um formato simples, introspectivo e, acima de tudo, próximo das suas raízes folk. No entanto, a ausência de mais instrumentos fez com que as composições inegavelmente belas de Emma Ruth perdessem muita da densidade sonora e do dinamismo que possuem em estúdio, acabando por soar consideravelmente mais pobres. Houve excepções, como o caso de “Hand of God”, cujo carácter minimalista da versão original adaptou-se bastante bem a este registo mais “despido”, mas o mesmo não se pode dizer de um tema como “Protection”, em que realmente se sentiu falta de uma maior complexidade instrumental.
Durante aproximadamente 40 minutos, Emma Ruth protagonizou um concerto que, ainda que agradável e competente, nunca chegou a ser tudo aquilo que poderia ter sido, até porque a atmosfera contemplativa desta prestação teria sido mais adequada para um local como o Passos Manuel.
Contudo, a noite possibilitou a oportunidade de vermos ao vivo um dos nomes mais relevantes do actual universo da música alternativa e de apreciar a voz doce e frágil de alguém que coloca níveis arrepiantes de emoção em cada palavra que canta. Só por isso valeu a pena.
- sábado, 20 abril 2024