Reportagem John Legend em Lisboa

Carla Pinto
 14 outubro 2017
 Altice Arena
  Jack Savoretti
Reportagem John Legend em Lisboa Imagem 1

O Altice Arena recebe o último concerto da digressão europeia de John Legend com casa cheia. Sob o título de ”Darkness and Light”, que dá o nome ao seu quinto álbum, espectadores de todas as idades, casais, grupos de amigas, famílias com filhos, solitários e solitárias, todos com expectativa de ver o músico saído do Panteão do R&B e Soul com pitadas de Pop, tudo com muito amor.

A primeira parte coube a Jack Savoretti. O cantor inglês de ascendência italiana trouxe a sua música de inspiração Pop e Folk. “To where you are / I am gonna catapult my heart“ são as últimas palavras da música “Catapult” do álbum “Written In Scars” lançado em 2015 com a qual encerra. Não poderia ter havido melhor prelúdio para a entrada de John Legend com o seu soul suave e pop hipnotizante.

John Legend subiu ao palco. Cenário digno de uma estrela, paredões de ledwall que vão proporcionar o acompanhamento cénico ao longo do espectáculo e plataformas elevatórias. O desfilar de músicas inicia-se com “I Know Better” do seu mais recente álbum “Darkness and Light”. Legend surge ao piano na plataforma elevatória e foi aclamado pelo público. Com uma tónica de confissão, de confidência “Legend is just a name/ I Know better than to be so proud” seguida de “Penthouse Floor” também do mesmo álbum. Canção poderosa, com uma tónica mais social e política revelam um John Legend mais profundo, mais maduro, mais genuíno e mais interventivo.

Darkness And Light”, “Love Me Now”, "What You To Do To Me”, “Overload” , “Surefire” voltam à temática do amor: paixão, luxuria, sensualidade. Bons arranjos, voz maravilhosa, pitadas de gospel associados às baladas tradicionais de R&B não esquecendo o Pop que o caracteriza.

Referência para Natalie Imani, elemento do coro, que fez dueto com John Legend na música “Darkness and Light”que substituiu, com todo o mérito, Brittany Howard com quem foi gravada a versão original.

John Legend confessa que “Overload” é a sua música favorita do álbum, talvez pela intimidade que revela sobre a sua relação com a modelo Chrissy Teigen e os obstáculos que a fama e visibilidade dos dois causam.

Destaque também para “Right By You” dedicada à filha Runa. Preocupações, desejos e garantias paternais de afecto acompanhados com toada jazzy. Legend confidencia com o público que,durante o parto da filha ele, não podendo fazer mais, foi o DJ. Passou música “old school” e revelou que Curtis Mayfield, um dos seus ídolos, foi a banda sonora do momento do nascimento da sua filha.

O mais recente disco “Darkness and Light” monopolizou o concerto com excepção para alguns êxitos da sua discografia mais antiga como sejam Tonight (Best You Ever Had) e “Save the night”, ambos do álbum “Love in the future” de 2013. “Save The Night” aqueceu os corações, enunciou sussurros de paixões futuras e eis que alguém se declara a outro alguém no público, “nunca sabemos o que vai acontecer num concerto de John Legend“ como o próprio disse ao aperceber-se do momento romântico.

"Used To Love U", do álbum “Get Lifted” de 2004 e “Slow Dance” do álbum “Once Again" de 2006, também foram revisitados. “Slow Dance” protagonizou outro momento da noite com o John Legend a convidar uma moça bonita da plateia para dançar com ele. “Que inveja! Também quero” ouvia-se nas proximidades, por entre o burburinho do público. Na verdade, como o próprio disse, ele queria dançar com alguém naquela noite e tinha a certeza que a esposa não iria importar-se.

Lugar ainda para “Save the Room” em que a palavra de ordem terá sido mesmo sensualidade.

Destaque ainda para a sua banda, o coro e o trabalho cénico que contribuiram e muito para um espetáculo memorável.

Perante a ovação do público e correspondendo às solicitações da plateia John Legend regressa para um encore. “All Of Me”, êxito chave do álbum “Love in the Future” de 2013 não podia faltar. Legend encerra com “Glory”, tema da banda sonora do filme “Selma” .

John Legend cumpriu, atrevo-me até a dizer que excedeu expectativas. Possuidor de uma voz brilhante, de uma sensualidade arrebatadora trouxe-nos novas letras ricas, mais maduras e com consciência social e politica. Aliás essa consciência social e politica esteve patente em “Wake Up Everybody”em que foram projectadas imagens da manifestação em Memphis em 1968 quando as questões raciais na América efervesciam, bem como, quando canta “Glory” tema da banda sonora do filme “Selma” que foi acompanhado por imagens do discurso de Martin Luther King. A América dos nossos dias mostra vislumbres desses tempos conturbados pelo que a preocupação social e uma certa intervenção é patente também no mais recente trabalho de John Legend.

Desde o Pop sensual, o R&B cheio de groove até a um som mais maduro patente no novo álbum, John Legend mantém-se o criador de baladas de amor, romance e luxuria que nos transportam para um universo de paixão e “borboletas na barriga”.

No fim do concerto só apetece dizer “ Vão e façam amor”, com consentimento e proteção obviamente.

  • Organização:
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  •   terça-feira, 02 janeiro 2018

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