Reportagem Clã + Best Youth no Porto

Jorge Alves
Joana Peres
 19 outubro 2017
 Rivoli
Reportagem Clã + Best Youth no Porto Imagem 1

Em mais uma iniciativa “Porto Best of”, que junta nomes consagrados da música portuguesa - especificamente de origens portuenses – a nomes emergentes, os veteranos Clã partilharam o palco do Rivoli com os Best Youth, num interessante confronto geracional que resultou em dois bons concertos e uma casa cheia para os acolher.

De forma a dar um toque mais especial a esta noite, os Clã escolheram interpretar na íntegra o álbum “Kazoo”, disco que este ano comemora duas décadas de existência. O concerto foi assim uma viagem a um glorioso passado, levada a cabo por uma banda que ainda tem garra suficiente para honrá-lo de forma eficaz no presente. Foi precisamente aí que residiu o encanto deste serão: não estávamos a assistir a uma prestação de uma banda desesperada por recuperar a magia de outrora, mas sim a um grupo que tocou temas como “A Grande Pirâmide”, “Código de Barras”, “Problema de Expressão”, “ GTI (Gentle, Tall & Intelligent) ” ou a cover de “I'm Free” dos Rolling Stones, com a mesma paixão e energia com que os gravou em 1997.

Se olharmos para o cenário musical em Portugal nesse ano – em que álbuns verdadeiramente marcantes como “3º Capítulo” dos Da Weasel ou “Cão!” dos Ornatos Violeta foram lançados – então esta sessão de nostalgia ainda mais memorável se torna, permitindo-nos recordar um dos mais dinâmicos períodos na história da música portuguesa. No entanto, para os Clã, esta passagem pelo Rivoli representou muito mais do que um tributo à sua geração: foi também uma celebração de perseverança e do momento em que finalmente triunfaram, pois como Manuela Azevedo fez questão de mencionar, fracassaram com a estreia “LusoQUALQUERcoisa” – um fracasso meramente comercial e não artístico, mas que marcou profundamente o percurso inicial do colectivo. Ainda assim, graças a “Kazoo” percorreram a estrada durante dois anos, tendo passado pelo Brasil e por Macau.

Talvez tenha sido a natureza positiva dessas memórias a contribuir, pelo menos em parte, para esta actuação deveras inspirada e, acima de tudo, recheada de emoção – inclusive por parte do público: olhando em redor víamos pessoas a dançar (mesmo estando numa sala com lugares sentados) e a vibrar ao som destes hinos dos anos 90, para muitos presentes a banda sonora de uma juventude que já lá vai.

Na verdade, a noite, como já aqui referimos, foi puramente nostálgica - até no encore. Numa altura em que se pensava que o concerto tinha chegado ao fim, o grupo voltou ao palco para os últimos momentos de festa. Mantendo um curioso registo temático, a banda optou por permanecer musicalmente em 1997, e na ausência de mais temas originais desse ano para interpretar, sacou duas belíssimas covers: “ No Surprises” dos Radiohead (aqui com a participação dos Best Youth) e “Song 2” dos Blur, que fechou com chave de ouro um grande concerto.

Antes disso, os Best Youth - a dupla formada por Ed Rocha Gonçalves e Catarina Salinas – proporcionaram um aquecimento perfeito através da sua pop sedutora e de uma actuação bastante envolvente. Entre homenagens aos Air e elogios tecidos aos Clã pela influência que foram – e que ainda são – para o duo, arrancaram fortes aplausos de uma audiência bastante satisfeita.

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